15.9.17
Opiniões sobre a obra filosófica de Luiz Sérgio Coelho de Sampaio
O mérito fundamental dos trabalhos de Sampaio talvez deva ser visto na abrangência de suas preocupações; ele não analisa simplesmente um tipo de lógica, mas perscruta e fundamenta os diversos caminhos lógicos seguidos pela disparidade do pensamento ocidental. Com este novo livro, A Lógica da Diferença, Sampaio quase chega a limites extremos, e isso sem nunca abandonar as exigências de um raciocínio rigoroso.
Gerd Bornheim, filósofo, a propósito de a Lógica da Diferença
Pensa-se que o outro é Outro? Mas não, ele é o Mesmo. O Mesmo, pasmem logo os leitores, não é a mais simples identidade, o mesmo é a diferença generalizada, o idêntico inclusive, com ou sem a famosa ‘diferência’ que hoje em dia está demais na moda. Só que com a pequenina e enorme diferença de ser novamente pensada. É o que se nota quando alguma forçação (oficial, oficiosa...) não impõe o próprio e exclui, de impróprio, o que não quer tratado em torno ao seu borralho. Mas isto pouco importa: pelo menos a quem a sã teimosia entorta o vezo de encontro à suposta retidão do dedoduro ‘bem pensante’ (ora, uma ova!) que só se encontra a dona do pedaço porque ninguém a cutucou direito para fora.
É assim que faz Sampaio, neste livro como em outros (às próprias custas, já se saiba!, que não se assenta nas cadeiras acadêmicas desde onde soviver babando regras sobre incautos ao preço do pobríssimo do erário): vai arrostando as questões mais intocadas, ao risco apenas do seu próprio pescoço, e encontrando assim, de graça para nós, as soluções mais criativas e por vezes insuspeitadas: e que bem poderão abrir e iluminar o escopo dos leitores.
MD Magno, psicanalista, acerca de A Lógica da Diferença
Com A Lógica da Diferença Sampaio conseguiu unificar, sob a mesma bandeira, sob um só nome, uma vasta região do pensamento, que se estende da lógica do coração em Pascal ao logos heraclítico resgatado em Heidegger, que vai da “sintaxe” onírica de Freud à lógica do significante de Lacan e ainda incorpora a parte desviante do planalto das formalidades – da lógica intuicionista de Brouwer/Heyting à lógica paraconsistente de Newton da Costa. Talvez isto ainda acabe significando muito pouco diante do que este reconhecimento da lógica da diferença pode estar trazendo para a compreensão da lógica em geral e, em especial, quando, nós, à soleira do Século XXI, atentamos que tudo isto vem para desaguar numa lógica inaugural, hiperdialética, fundamento de uma nova antropologia filosófica.
Aquiles Côrtes Guimarães, coordenador da Pós-graduação do IFCS-UFRJ, acerca de A Lógica da Diferença
Depois do ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros, 1955-1964) praticamente extingue-se entre nós o interesse em pensar o Brasil. Digo pensá-lo e não “desconstrui-lo”. Primeiro, foi o tempo da “Revolução”, que trouxe o desinteresse pelo pensar. A seguir, vieram os tempos da “Nova República”, nos quais, cada dia que passa, menor se mostra o interesse pelo Brasil. Não me refiro, obviamente, aos que o faziam e fazem vindo já de mais longe.
É, pois, com satisfação que registro a ressurgência do que até então fora uma obsessiva preocupação dos mais expressivos intelectuais brasileiros - decifrar o ser e a destinação do Brasil. Referimo-me especificamente a Luiz Sergio Coelho de Sampaio que, com a presente coletânea Filosofia da Cultura, vem reavivar aquela tradição, oferecendo-nos, posso dizê-lo, uma alternativa completamente nova para nossa auto-compreensão.
Aquiles Côrtes Guimarães, coordenador da Pós-graduação do IFCS-UFRJ, acerca de A Filosofia da Cultura – Brasil, luxo ou originalidade
A Lógica da Diferença não pode faltar a qualquer biblioteca que se queira atual. Tem seu lugar garantido nas prateleiras tanto de filosofia como de lógica e/ou matemática. São textos que ensinam e promovem criatividade, paixão e as vezes a ira do leitor, que se vê irremediavelmente envolvido pela trama lógico literária de Sampaio.
Ricardo Kubrusly, matemático, acerca de A Lógica da Diferença
Je veux essentiellement insistir sur l’originalité accomplie que comporte le travail de monsier Sampaio, et souligner que ce travail est indispensable à qui s’intéresse à la logique aujourd’hui.. Mon propre travail sur la Logique Spéculaire devra certainement en tenir compte dans son dévellopement futur, ainsi que les travaux d’autres chercheurs français comme Badiou, D. Vaudène, J. M. Vappereau par exemple.
René Guitart, Maître de Conférence de mathématiques à l´Université Paris 7 – Denis Diderot; ex-director de Programme au Collège International de Philosophie
“A razão exige e reclama que exista uma ciência universal (uma lógica, se diria) de todas as ciências, e com princípios universais nos quais estejam implícitos e contidos como o particular no universal, os das outras ciências mais particulares....”. Isto está, afora o parêntese, na Ars Magna et Ultima de Raimundo Lúlio (1235-1315), o mais imaginativo e notável lógico escolástico e, segundo Bochenski, um dos inspiradores da busca leibinziana de uma mathesis universalis, projeto que, bem se sabe, assinala o renascimento da lógica na Modernidade. Ao acabar de ler Sete ensaios a partir da lógica ressuscitada de Coelho de Sampaio me fica a impressão que afinal o ambicioso anseio do pensador maiorquino encontrou uma segunda vez, na era moderna, quem não só o retomasse, tanto estimasse e, sobretudo, o levasse às últimas conseqüências. Depois de recuperar toda uma tradição lógica recalcada pelo formalismo acadêmico dominante, reorganizar o território lógico, refundando, de modo preciso e homogêneo, cada uma das lógicas a partir de seus respectivos princípios característico e, ainda, tomar por empréstimo o formalismo da mecânica quântica para com rigor identificar tradicionais valores de verdade a valores próprios operatórios, Coelho de Sampaio parte para a crítica dos fundamentos dos saberes particulares - a matemática, a antropologia, a psicanálise, a cosmologia -, e os resultados, há que se concordar, não poderiam ser mais surpreendentes, profundos e sobremaneira convincentes.
Devo notar que, em geral, é muito difícil aos contemporâneos dizer, dentre eles, em tempo, quem o próprio tempo irá poupar. Excepcionalmente, entretanto, tratando-se de filosofia nesta passagem de século, no Brasil, que dúvida ainda haveria que Luiz Sergio Coelho de Sampaio e suas lógicas ressuscitadas vão ficar?
Jorge Jaime – da Academia Brasileira de Filosofia, autor de História da filosofia no Brasil –, a propósito de Lógica Ressuscitada
Pelo visto, existem setores do pensamento em que o Brasil já pode justamente se orgulhar, tanto pelo pioneirismo, quanto pela profundidade do que aqui se vem produzindo – lógica e filosofia da lógica, sem dúvida, são hoje dois destes setores. E isto, sabemos, se deve em boa parte ao ímpeto desbravador de Leônidas Hegenberg, brilhantemente continuado por Newton da Costa com seus trabalhos na esfera das lógicas desviantes, em particular, das lógicas paraconsistentes, e por L. S. Coelho de Sampaio, que, com sua percuciência, trouxe a lógica par o proscênio filosófico.
Jorge Jaime, acerca de Coelho de Sampaio, em sua História da filosofia no Brasil
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