A Modernidade não se caracteriza apenas como um modo de produção; ela é na verdade uma cultura governada, na superfície (1), pela lógica clássica, lógica do terceiro excluído, concretamente, pela ciência e, subsidiariamente pela lógica do sujeito transcendental ou do individualismo. Dito há muito, a Modernidade anglo-saxônica, na superfície, é ciência e consciência (2). Sabemos que toda cultura, ao sentir-se de fato ameaçada, finge ser sua própria posteridade; a pós-modernidade que tanto se anuncia por aí é uma ilustração, bem atual, deste estratagema; mas não há cultura que possa suceder a si mesma. Não adentramosainda uma nova cultura; permanecemos na Modernidade que, dizendo ser seu próprio futuro, na verdade, começa a dar inequívocos sinais de declínio
As ideologias são impotentes para fazer uma crítica em profundidade da Modernidade; embora sejam capazes de diagnósticos parciais, acabam se aliando à ciência, se pretendem mesmo ciência, e, na prática propõem apenas a substituição do sujeito da ciência, ou seja, almejam tão apenas o capitalismo perfeito.
Sendo a Modernidade uma cultura, somente um pensar crítico da cultura (uma filosofia da cultura?!) poderá demonstrar que não chegamos ao fim da História e que certamente há ainda algo por se conquistar no horizonte histórico da cultura. E. Cassirer defende que a filosofia hoje deva assumir como principal tarefa a crítica da cultura, entretanto ele pouco consegue realizar porque aceita que a ciência seja o saber máximo a que possamos almejar (3).
NOTAS
1. Isto apenas na superfície, pois tudo começa com o processo de caça às bruxas, que outra coisa não é que a construção dos porões da modernidade onde serão encarcerada a irracionalidade, vale dizer, as lógicas femeninas.
2. Rabelai já dizia que: . Mais recentemente, Richard Morse e E. Morin repetem esta mesma fórmula sintética.
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